http://terraeliberdade.org/nota-da-organizacao-anarquista-terra-e-
liberdade-sobre-as-prisoes-dxs-lutadorxs-e-as-persiguicoes-politicas
Nota da Organização Anarquista Terra e Liberdade sobre as prisões
dxs lutadorxs e as perseguições políticas
São tempos duros, companheirxs. É difícil encontrar as palavras que
transmitam a nossa indignação frente às absurdas prisões políticas dxs lutadorxs, iniciadas no último 11 de julho.
Onde um Estado cujas palavras de ordem são a arbitrariedade e a
violência, e onde a Lei é a inconstitucionalidade, para nós, que nunca acreditamos na Justiça burguesa, o que nos fortalece é o apoio mútuo e as redes de solidariedade axs presxs, foragidxs e aos seus familiares que se formaram em vários setores da sociedade civil. É urgente que façamos uma
campanha anticarcerária nacional e forte, contra a criminalização dos
movimentos sociais, dxs lutadorxs e das organização da classe trabalhadora, como também pelo fim imediato de todos os processos e inquéritos.
Para muitos é uma surpresa assustadora que o momento de maior
repressão política desde a instauração do AI-5 se dê no governo do PT. Para
nós isso não é uma surpresa, é apenas a consequência lógica do jogo estatal, quem aceita fazer parte da farsa eleitoral, automaticamente se coloca ao lado dos torturadores. Um exemplo é o atual secretário de segurança pública do Rio, que era agente infiltrado da ditadura no movimento estudantil
e, assim como todos os torturadores e outros crápulas do regime, continuou seu trabalho sem grandes mudanças sob o dito regime democrático. A
farsa da redemocratização está escancarada, a mesma PM que matava em na ditadura civil-militar é a que mata hoje, que é a mesma que matava na ditadura varguista que é a mesma que matava com Arthur Bernardes, que é a mesma que caçava escravos fugitivos e índios rebeldes. A repressão não surgiu
em 64 e não acabou em 85.
Nos marcos desse exemplo histórico de caçada aos movimentos reais
de luta povo, hoje as organizações anarquistas voltam a ser criminalizadas, como foram desde o acenso do movimento operário anarquista
brasileiro, na década de 1920. Xs anarquistas sempre estiveram organizadxs atuando como fomentadorxs da luta do povo, desde os lugares de trabalho e
moradia, contra o extermínio do Estado e contra exploração de classe. Nós
anarquistas éramos e somos um perigo para o poder constituído, pois defendemos a negação deste – o poder popular -, que não é obra de
líderes, mas sim de um trabalho árduo e contínuo de mobilização e de luta ao lado do povo, incentivando sua ação direta e sua organização
revolucionária contra o Estado e por um mundo novo, justo e livre. É essa a
Justiça que queremos, a que o povo faz na sua luta, onde o povo decide e onde
ninguém fica para trás. O poder popular nega o Estado e constrói toda a
organização social de forma federativa e de baixo pra cima, toda propriedade é coletivizada e o povo reparte entre os trabalhadorxs o fruto de seu próprio suor. Sem patrões, políticos enganadores, corruptos
ou corruptores, sem depender dos mandos do capitalismo financeiro
global.
Carregamos um mundo novo em nossos corações e com Terra e Liberdade
nós construiremos a Comuna Popular do Rio de Janeiro.
Nos termos do Estado burguês, isso é um absurdo e por isso a
perseguição ao anarquismo é necessária. É preciso marcar a carne de toda uma
geração com a passividade que eles tanto prezam, amedrontar a juventude combativa com prisões « exemplares ». Mas, nós atingimos a espinhal dorsal da reação, na sua crença de que não há saída para a política, para
nossas condições materiais e sociais. O levante popular de 2013 levou ao
desespero todxs aquelxs que buscam manter a ordem atual, trazendo
consigo uma nova materialidade política, novas lições estratégicas, novas
possibilidades de vitória.
Solidarizamo-nos a todas as organizações e lutadorxs que estão sendo criminalizadas por meio desse sádico espetáculo policial-midiático, pois sabemos que o objetivo de toda essa perseguição é reprimir a quem
luta e quem acredita que é preciso dar um BASTA à exploração de classe e a
todas as opressões. Perseguem-nos porque denunciamos o papel nefasto que
cumpre as polícias, porque estamos cansados de ser esculachados perdendo casa,escola, hospital para que meia dúzia de capitalistas lucrem durante os dias de Copa do Mundo!
Xs militantes da OATL têm participado, a cada dia, da organização
do povo.
E sabemos que não somos só uma organização! Somos o povo revoltado, somos o povo que não vai se calar! A OATL estará na rua, porque o povo
estará.
Não tem Estado ou Burguesia que possa conter a legítima revolta do
povo, pois eles mesmos provocaram essa revolta! A longa experiência
amarga do povo fez com que ele mesmo criasse suas armas de autodefesa e
resistência.
A ação direta, as ocupações, as comunas, as greves e os atos de rua não foram invenção dos anarquistas, mas do povo em luta contra as
opressões.
Não somos nem nunca desejamos ser os responsáveis pela revolta
popular, somos mais um na multidão indignada.
É intolerável que deixemos passar o terrorismo de Estado que mata
todos os dias o povo negro e com a mesma brutalidade se volta contra xs
lutadorxs sociais. Estamos ao lado do povo! Criminosas são as leis que
defendem os inimigos da classe trabalhadora. A criminalidade está na cor que
colore nossos corpos, negros na pele, negros na bandeira, negros no coração.
Quadrilha armada é o Estado e o Capital que se utilizam de métodos
fascistas de controle de nossas vidas com escutas, agentes
infiltrados e quebra de privacidade das comunicações, perseguição, coação e tortura aos familiares dxs presxs e foragidxs! Os crimes quem os comete são as
grandes corporações de mídia, os governos federal, estadual e municipal!
Não se pode criminalizar um povo que se rebela e se organiza contra a exploração e a opressão de todos os dias. Não se pode criminalizar a justa
revolta do
povo!
E frente a toda essa ofensiva repressiva, concluímos que o único
crime é
NÃO LUTAR! É preciso que nós tomemos novamente as ruas! A pressão
popular
é fundamental para desarticular a máquina repressiva do Estado,
denunciar
o espetáculo forjado pelas grandes mídias para confundir-nos,
alienar-nos
e convencermos de que a luta não leva à mudanças. Convoquemos nossas
organizações, coletivos, órgãos de base, grêmios, equipes
esportivas, grupos de advogadxs, associações de bairro e toda a sociedade civil.
Publicizemos nosso apoio, denunciemos o terrorismo de Estado e, sobretudo, saiamos às ruas!
LIBERDADE PARA TODXS PRESXS E PERSEGUIDOS POLÍTICXS!
FIM DOS PROCESSOS POLÍTICOS!
NINGUÉM FICA PRA TRÁS!
O ANARQUISMO NÃO PODE SER CAPTURADO! TODO PODER AO POVO!
OATL