A realidade dos moradores da Maré
Manifestação ocorrida ontem. Em favor da VIDA no Complexo da Maré. Contra a criminalização da pobreza e o genocídio do povo pobre e negro.
Mais uma vez a Polícia e o Exército transformaram um protesto legítimo, pelo direito à vida e contra os crimes cometidos pelo Estado, numa total praça de guerra. Ataques de bomba de gás lacrimogênio, que não paravam de cruzar o céu mareense, atingiram as casas dos moradores que, deseperados, precisaram socorrer seus filhos e filhas. Muitas bombas de efeito moral, tiros de bala de borracha e de arma de fogo foram disparados. As incessantes rajadas de pistolas e fuzis, por parte da Polícia e do Exército, demonstraram o teor de intimidação e covardia. É, de fato, um recado para que o povo pobre e negro não se manifeste, não proteste; que aceite “calado” as injustiças sociais diárias.
Felizmente, não funcionou. A manifestação seguiu firme diante de toda a intimidação. E quando o protesto pacífico foi reprimido com tiros de fuzil pelas “Forças de Pacificação” e bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio atiradas pela PM, moradores se revoltaram e revidaram; começaram a sair às ruas aos montes e a responder ao ataque da Tropa de Choque com pedras, garrafas e fogos de artifício.
A população das favelas e periferias do Rio de Janeiro vivem no que podemos chamar de “Apartheid democrático”, onde o “Estado Democrático de Direito” é, na verdade, uma Ditadura da Burguesia. Com suas leis burguesas impõem uma segregação social e racial.
A revolta do povo pobre e negro, dos explorados e oprimidos, e neste caso em especial, dos moradores do Complexo da Maré é mais do que justa. É necessária!
Viva a luta do povo!
Abaixo as fotos da Comissão de Comunicação da FIP-RJ:
Informes do Coletivo MIC:
POLÍCIA E EXÉRCITO ATIRAM COM MUNIÇÃO LETAL CONTRA A POPULAÇÃO
Ato pela vida acaba violentamente em razão do forte ataque das Forças de Segurança, no caso, a Polícia Militar(Ostensiva e Choque) e o Exército, contra os manifestantes que clamavam por paz.
O Complexo da Maré, localizado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, hoje é uma área ocupada pelo exército brasileiro. Muitas denúncias sobre abuso de autoridade tem sido apresentadas pela população local. A situação atualmente é grave e vários cidadãos se sentem ameaçados.
Ontem, dia 23, foi marcado um ato pela paz. Infelizmente tal manifestação se tornou uma praça de guerra. O Coletivo Mariachi e a MIC estiveram presentes, realizando uma reportagem que certamente mostra um ponto de vista diferente do que será visto na mídia corporativa.
Batalha campal no Complexo da Maré:
Imagens e texto do Jornal AND:
REBELIÃO POPULAR NO COMPLEXO DA MARÉ
Polícia dispara munição letal contra manifestantes
A equipe de reportagem de AND acaba de voltar do Complexo da Maré, onde moradores se levantaram com paus e pedras em uma ação sem precedentes contra as forças de pacificação na história da militarização de favelas no Rio de Janeiro. Depois de um protesto pacífico reprimido com tiros de fuzil pelas Forças de Pacificação e bombas de gás atiradas pela PM, moradores se revoltaram e revidaram com pedras e morteiros dos acessos às favelas Vila do João, Vila do Pinheiro e Baixa do Sapateiro.
A Tropa de Choque chegou ao local ainda às 20h, mas não foi capaz de conter a fúria das massas. Às 22h, fartos daquela ação covarde que deixou incontáveis moradores, feridos e intoxicados pelo gás, além das cotidianas ações do exército e da polícia na Maré, moradores surgiram dos becos em grupos enormes de centenas de pessoas e expulsaram um contingente de mais de 200 policiais de um longo trecho da Linha Amarela. A via que margeia o Complexo da Maré é uma das principais da cidade.
Mesmo vendo que não havia disparos de munição letal, policiais atiraram com pistolas e fuzis a esmo direto contra a multidão. Ao menos uma pessoa foi baleada e levada para a Unidade de Pronto Atendimento que existe próximo ao local. A ação é uma contundente resposta à presença das tropas de repressão do velho Estado, que somente nas últimas duas semanas, deixaram dois mortos e vários feridos em ações desastrosas nas favelas Salsa e Merengue e Vila do João.
Em duas ocasiões, veículos tripulados por moradores foram metralhados por soldados do exército sem absolutamente nenhum motivo. Tamanha a violência da polícia e das Forças de Pacificação, “uma faísca pode incendiar a pradaria”. Fiquem atentos, pois daqui a pouco publicaremos um vídeo com imagens exclusivas do confronto no Complexo da Maré.
Via MIC:
”PM TOCA TERROR NA MARÉ CONTRA O DIREITO DE LIVRE MANIFESTAÇÃO
Ontem (23/02), no protesto da comunidade mareense contra o estado de exceção representado pela ocupação militar da comunidade, pela vida e pelo direito de ir e vir, houve forte repressão da PM.
A polícia foi acusada, por diversos participantes da manifestação, de disparar tiros de arma letal contra os manifestantes que, de forma contundente, ocuparam as pistas da Av. Brasil e depois a Linha Amarela, e os acessos à Linha Vermelha, que só foram liberados após às 23h.
Noite adentro, horas após o fim do protesto, o terror de estado continuou dentro da comunidade. A PM usou a esmo, e em grande quantidade, bombas de gás lacrimogêneo, causando mal-estar em milhares, indistintamente, idosos e crianças entre eles.
“Já não havia protesto, mas a mensagem do terror policial era clara: é isso o que acontece quando vocês favelados ousam lutar contra o estado por seus direitos.”, afirmou uma moradora.
A manifestação foi organizada pelo movimento Maré Vive, de moradores da comunidade: “sem partido, sem ONG, sem facção, sem líder, é nós por nós”, afirmam na descrição do evento.
A manifestação foi organizada após casos recentes de pessoas da comunidade assassinadas pela PM e pelo exército, que em duas ocasiões diferentes, recentes, abriu fogo contra duas kombis que transportavam moradores, com vítimas mortas e feridos, entre outros casos graves de violência institucionalizada inclusive contra crianças. Ainda hoje um adolescente foi baleado na Vila do João.”