NOTÍCIAS DE BRASÍLIA – Processo contra os 23 ativistas: E mais uma vez o infiltrado Maurício Alves da Silva (foto) não comparece à audiência

Via MIC

NOTÍCIAS DE BRASÍLIA – Processo contra os 23 ativistas: E mais uma vez o infiltrado Maurício Alves da Silva (foto) não comparece à audiência

“O infiltrado ilegal não veio de novo depor. O Juiz confirmou que ele está lotado aqui na Polícia Militar do DF, cujo comando recebeu a requisição do Juízo. A oitiva dele foi remarcada para 09/03/14, às 17:00.

Como tínhamos previsto, ele não compareceu nem deu satisfação. Penso que avaliamos corretamente quanto ao sistema estar protegendo e preservando seu agente. Eles sabem que, se ele aparecer, vamos obrigá-lo a “abrir o bico” em Juízo. Não só desmascararemos suas mentiras como vamos atrás das autoridades maiores, responsáveis por essa infiltração ilegal.

A ausência de hoje e a designação para o dia 09/03, acrescentam um problema. É que, embora a oitiva por precatória não quebre a ordem do rito processual, tendo em vista a importância e o teor do depoimento dessa testemunha de acusação, também arrolada por algumas defesas, não pode ser tomado após os interrogatórios, sob pena de possível prejuízo irreparável para a defesa, razão pela qual pediremos ao Juiz Flávio Itabaiana o adiamento da audiência já designada para o dia 02/03/14.

As cortes internacionais vão tomar conhecimento de como funciona o tão propalado “Estado Democrático de Direito” no Brasil.

Não desistiremos! Não passarão!”

Marino D’Icarahy

Que sua força inspire à todxs nós!

CARTA DO PRESO POLÍTICO IGOR MENDES DIRETAMENTE DA PRISÃO
Que sua força inspire à tod@s nós!

Via Jornal A Nova Democracia

*Carta escrita na prisão pelo ativista Igor Mendes e recebida na redação do jornal A Nova Democracia através de um colaborador. A redação de AND transcreveu o texto e o compartilha agora com seus leitores e leitoras.
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07/2/2015 – 66º dia de detenção
À CAMPANHA PELA LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS;
AO POVO BRASILEIRO:
– Da Penitenciária Bandeira Stampa (Bangu 9)

Resistir é preciso!

Quando esta carta chegar às suas mãos já terei completado 70 dias de prisão no complexo Penitenciário de Gericinó. O processo que resultou na minha prisão tem um claro cunho ideológico-político e fere, na verdade, centralmente, o direito de livre expressão e manifestação em tese assegurada ao nosso povo.

Sou acusado de compor uma “quadrilha” cujas supostas ações criminosas não ocorreram jamais. Durante as audiência foi perguntado, insistentemente, por nossa defesa, brilhantemente conduzida pelo Dr. (e companheiro) Marino D’Icarahy: qual ato criminoso, afinal, essa “quadrilha” praticou? Qual incêndio? Qual dano? Qual atentado? O “crime” que cometemos, na verdade, foi o de criar uma frente política combativa, antieleitoral, a Frente Independente Popular (FIP), que manteve sempre erguida a bandeira do protesto popular, mesmo no período de intensa repressão durante a Copa da Fifa. Nosso “crime”, como inclusive conta dos autos, foi a disposição em “desestabilizar” os diferentes governos. Claro, o nosso povo não tem nenhuma razão para protestar e se o faz só pode ser pela ação de insidiosos elementos infiltrados… Essa lógica é tão tacanha quanto mentirosa.

Se as grandes manifestações populares terminaram, todas, nos quatro cantos do país, em confrontos com as forças policiais, isso apenas ocorreu porque a única resposta prontamente adotada pelo Estado brasileiro foi a intensificação da repressão. A polícia do Rio chegou ao ponto de disparar tiros de fuzil afim de dispersar a multidão, no dia 17/6/2013, quando mais de cem mil pessoas marchavam ao redor da Assembleia Legislativa. Na final da Copa do Mundo, um dia após termos nossa prisão decretada por supostamente prepararmos atos de “extrema violência”, o que se viu foi a extrema violência da Polícia Militar cercando a praça pública e sitiando milhares de pessoas num anel de bombas e ferro, chocando a opinião pública do mundo inteiro.

O que se criminaliza no nosso processo não são fatos, e sim as posições políticas sustentadas pela FIP e organizações que a compõem, principalmente o Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e a Organização anarquista Terra e Liberdade (OATL). O conceito de “inimigo do Estado”, um dos cernes da famigerada doutrina de segurança nacional dos regimes militares latino-americanos, parece ter sido assim perigosamente resuscitado. Chegado a este ponto para classificar militantes como terroristas não falta mais que um passo. Daí toda importância que a batalha em torno do nosso processo encerra.

Com todo repressão as manifestações seguem e seguirão, porque têm raízes mais profundas. A crise econômica e política está aí e se reflete na tragédia social que assistimos diariamente. O gigante do consumo revelou ter pés de barro; a tal sexta economia do mundo está às voltas com a falta de água e luz para sua população. Não há saneamento básico na maior parte do país e os trabalhadores sofrem com os péssimos serviços públicos, como saúde e transporte. A mesma Dilma que mentiu para o mundo ao declarar, na assembleia geral da ONU, que seu governo não reprimia os protestos, mentiu para os brasileiros durante a campanha eleitoral dizendo que não haveria pacotão de impostos e cortes de direitos trabalhistas.

Nesse contexto de crise não podemos subestimar o crescimento do fascismo e é dever de todos os autênticos democratas e pessoas honestas aumentar a vigilância antes que seja tarde. A história puniu sempre severamente os que transigiram com o arbítrio. Não deixa de ser sintomático que um alto oficial da PM, comandante da tropa diretamente encarregado da repressão aos protestos, tenha-se declarado nazista. a ação da polícia de Pezão e Beltrame nas favelas e bairros pobres do Rio de Janeiro, aliás, acumulando milhares de execuções sumárias nos últimos anos, guarda não poucas semelhanças com a “solução final” de Hitler.
Em decorrência desse processo espúrio contra nós movido tivemos na prática os direitos políticos cassados, ao sermos impedidos de participar de manifestações e debates públicos. Sim, fomos também impedidos de expor nossas idéias uma vez que outra restrição imposta, qual seja, a de não nos ausentarmos da comarca sem autorização judicial, foi amplamente utilizada para vetar nossa participação em eventos acadêmicos e políticos, a maior parte deles a convite de universidades públicas e entidades idôneas, com passagens de ida e volta devidamente compradas.

Essas medidas cautelares ferem seriamente o princípio de presunção de inocência e configuram uma punição antecipada, além de escancarar o caráter político desse processo. Creio que todos nós, eu inclusive, devemos fazer uma autocrítica por não termos denunciado com a devida energia essas medidas de exceção. Aceitamos com certa passividade que uma espada fosse mantida sobre as nossas cabeças e, no momento oportuno, não por coincidência somente após as eleições novas prisões arbitrárias foram decretadas.

Curioso é que, em nome de uma suposta rigorosa defesa da ordem e das instituições, fui enviado no dia 3/12/2014 para o lugar onde os preceitos do Estado de Direito são mais ampla, ostensiva e sistematicamente violados: o sistema penitenciário. Aqui o tratamento cruel, desumano e degradante dispensado aos presos é a mais absoluta regra e, ainda que em pouco tempo, já vi e vivi todo tipo de arbitrariedade. É triste que a mesma energia e celeridade demonstradas pelo poder judiciário quando se trata de prender não se verifique quando se trata de fiscalizar e coibir a sucessão de violações que ocorrem aqui dentro.

Companheiros (as):
Sigo, como sempre, firme e convicto quanto à justeza da nossa causa. Somos os presos políticos das históricas jornadas de junho e temos que nos portar a altura da juventude combatente e dos trabalhadores da cidade e do campo que elevam cada vez mais rapidamente sua consciência política e seu nível de organização.

Enganam-se os que pensam que poderão, com prisões e perseguições, sufocar nossa luta. Os povos, ao longo da história e em todos os países, sempre lutaram e o povo brasileiro levantar-se-á em ondas cada vez maiores para cobrar o que é seu por direito. Trata-se de uma necessidade história, irreversível, independente da vontade de quem quer que seja.

Não é fácil dormir e acordar sob a guarda do inimigo de classe, mas a presença e o trabalho de vocês ultrapassam os muros e as grades, e nunca me sinto sozinho. Encontrei sempre nos demais presos solidariedade, interesse e bastante respeito pela nossa luta. Em não poucos encontrei mesmo admiração. Eles me pediram que, saindo daqui, use a força do nosso movimento para contar à sociedade as agruras do cárcere. Pretendo cumprir a promessa que lhes fiz.

Novamente muito obrigado a todos. Aos companheiros democratas e revolucionários de outros países, que têm manifestado sua solidariedade com mobilização de nosso povo, calorosas e fraternas saudações internacionalistas!

Mantenhamos erguidos com vigor as nossas cabeças e as nossas bandeiras, bem como nossos punhos cerrados, símbolo sagrado e universal de resistência. Caio Silva, Fabio Raposo e eu estamos separados dentro da penitenciária, mas eles também estão firmes e buscamos apoiar uns aos outros dentro das possibilidades.

Não há o que temer! Por mais difícil e prolongada que seja a luta, o povo está condenado à vitória. Sigamos em frente, sem concessões e sem conciliações quanto aos nossos princípios.

Rebelar-se é Justo!
Lutar não é crime!
Fascistas não passarão!

Informe dos Presos e Perseguidos Políticos (via Marino D’Icarahy)

INFORME SOBRE O PROCESSO DOS 23 MANIFESTANTES

(Informe enviado à redação do jornal A Nova Democracia pelo advogado Dr. Marino D’Icarahy.)

Segunda-feira, 23/02, estaremos em Brasília para “entrevistar” o infiltrado ilegal Maurício Alves. Só temos dúvidas se ele estará… Se ele for, vamos “espremê-lo” de tal forma que ele não terá qualquer chance. É um “pobre coitado”, esparro dos subterrâneos da ditadura civil/militar que está instalada no País, a serviço do Capital, e que, como temos dito, as pessoas nem sabem que existe.

Ele já começou a “abrir o bico” aqui na própria DRCI (Delegacia de Repressão ao Cidadão Inocente, também conhecida como “O NOVO DOPS”. Deu o nome de dois comandantes diretos, “espontaneamente”.

Queremos mais, por exemplo, os comandantes de maior patente, poi ele só “deu” um tenentinho e e um capitãozinho. Queremos os responsáveis superiores, aqueles que insistem em perpetuar os mesmos métodos de perseguição, criminalização, terror, tortura e ilegalidades ditatoriais/nazifascistas/sionistas/ianques.

Vamos questioná-lo profundamente sobre as ignóbeis atividades exercidas pelo mesmo. Fa-lo-emos aprofundar a sua já confessada condição de “infiltrado ilegal”.

Deixaremos exposto para o País e para o mundo inteiro como funciona a “democracia” e o “Estado Democrático de Direito” no Brasil, sob os auspícios e a direção maior do Partido dos Trapaceadores, do Partido dito Comunista do Brasil, do Partido dito Socialista do Brasil, do Partido dito do Movimento Democrático Brasileiro e de toda a laia de partidos e políticos que dão sustentação política/oportunista/fisiológica a esse projeto de administração do Capitalismo no Brasil pela ex-querda, deixando como alternativa de goverrno o retorno dos liberais e dos ditos sociais-democratas.

Vamos colocá-lo em tal situação que não terá mais condições de ficar “tirando onda” no Rio de Janeiro, como ainda estava fazendo, alcoolizado, no Bloco Carnavalesco “Boi Tatá”, durante este Carnaval ou na Lapa, onde também é visto com freqüência.

Além de mentiroso e vendido, o cara de pau ainda fica desfilando sob a proteção de ser testemunha de acusação, situação que lhe dá “certa imunidade”. Sabemos de coisas dele que serão cobradas ao mesmo na frente do Juiz.

Quem participa do movimento sabe que as afirmações dele são gratuitas e mentirosas, assim como as do Felipe Braz. Não precisava nem se infiltrar, pois, para falar mentiras, essa condição não é indispensável.. Bastava assinar o depoimento que os “puliça” dessem para ele.

Vamos também questinar amiúde os “métodos” de infiltração utilizados… Muita coisa tem que ser explicada, detalhadamente. Ele não perde por esperar…

Propomos que seja feita uma vigília política durante o horário da audiência, prevista para se iniciar às 14:20 de segunda-feira (23/02). Nos comprometemos a, assim que terminar a audiência, passar os informes para divulgação geral.

Não passarão! Até a vitória final!

Texto do panfleto a divulgar entre os trabalhadores do COMPERJ

Todo apoio a luta dos trabalhadores e trabalhadoras do COMPERJ!

A Frente Independente Popular vem saudar e prestar total apoio aos trabalhadores e trabalhadoras que estão se rebelando contra o descaso do patrão e do governo.

A luta contra a falta de pagamento, por melhores condições de trabalho, é mais do que justa, pois o lucro do patrão nunca diminui e a exploração do trabalhador só aumenta. Salários baixos e condições insalubres de trabalho, são comuns em todos os cantos do país, frente a isso REBELAR-SE É JUSTO!

É um direito da classe operária se levantar contra os abusos cometidos pelos patrões e o governo de forma independente e combativa, não se deixando enganar por políticos eleitoreiros que só querem usar a justa rebeldia dos trabalhadores para fins eleitorais.

Organizar manifestações combativas, greves classistas, está cada vez mais na ordem do dia dos trabalhadores da construção, rodoviários, garis, professores, e de todos aqueles que sofrem com o arrocho salarial e a carestia de vida imposta por esta falsa democracia.

Greve no patrão, pra acabar com a exploração!

Eleição é farsa, lute pela revolução!

Viva a luta classista e combativa!

Mais um ativista assassinado no México…

Mais um ativista assassinado no México…

MÉXICO: ATIVISTA COMUNISTA e dos direitos humanos é encontrado decapitado e com as mãos decepadas.

Gustavo Salgado, dirigente da Frente Popular Revolucionária e membro da Comissão Executiva do Comitê Central da FPR, era conhecido pelo seu ativismo na tragédia de Iguala, ajudava trabalhadores rurais e havia desaparecido em 3/2/15.

Pagina Oficial del Frente Popular Revolucionario
frentepopular.wordpress.com

Por que os anarquistas ainda estão na FIP?

Esta é uma pergunta que muitos nos fazem nos últimos tempos, alguns em tom acusatório. Já estamos sendo julgados demais, por isso não acreditamos que precisamos nos defender aqui, mas, sem dúvida, alguns posicionamentos nossos precisam ficar mais claros publicamente. E as acusações são muitas: “os anarquistas na FIP estariam à reboque dos maoístas, a FIP seria sequitária, porque a FIP se distanciaria das massas adotando uma posição vanguardista, contraditória com as posições anarquistas.” Vejamos então.

Quando os anarquistam optaram por compôr a FIP, havia um levante popular na cidade, a formação da frente foi fundamental para evitar que este movimento fosse cooptado pela política partidária e, ao mesmo tempo, para dar uma cara à esquerda ao movimento. Foi a FIP que substituiu, na época, o fórum de lutas no IFCS, e isso incomodou muitas pessoas, que passaram a contribuir direta ou indiretamente com a nossa criminalização, tentando acirrar as discordâncias teóricas internas à frente, que sempre existirão entre anarquistas e comunistas. Apesar dessas tentativas, a unidade tática pela prática se manteve, organizamos encontros e debates, a FIP-RJ cumpriu um papel fundamental nas lutas políticas da cidade, barrando o oportunismo e o aparelhamento eleitoral. E foi apenas sob forte criminalização pelo Estado que alguns acreditam terem conseguido abalar a Frente Independente Popular do Rio de Janeiro.

Mas o que ocorre hoje? Agora, depois de tudo isso, em meio a um processo que tem a FIP como organização criminosa armada, alguns ainda nos cobram: “O que vocês anarquistas ainda fazem com os maoístas? Estão ajudando eles a manter a ideia de que ainda compõem uma frente, de que ainda existem anarquistas com eles.”

Ora, não somos ingênuxs como estes que nos acusam pensam, mas também não somos como ratos que abandonam o navio quando este está afundando. A FIP foi construída por esta unidade histórica entre anarquistas e comunistas revolucionários, nós temos responsabilidade por isso quando aqueles que lutaram ao nosso lado estão em Bangu. Neste sentido, por que não estaríamos com xs maoístas, se este são os companheiros que têm demonstrado mais coerência entre o que defendem e aquilo que de fato fazem? Os maoístas são companheiros coerentes e solidários, com os quais não temos unidade teórica nem de projeto político, é fato, mas temos sem dúvida unidade prática e tática no momento atual.

A unidade entre comunistas e anarquistas não existe de hoje, não nasceu com a FIP. Mas o que temos claro para nós é que se o anarquismo não é mais forte hoje dentro da FIP, isso se deve a uma escolha tática dos próprios coletivos e organizações anarquistas que compõem ou compuzeram em algum momento a frente. O momento histórico atual é muito mais favorável ao crescimento da proposta anarquista do que comunista, e isso no mundo todo. Não temos mais o grande projeto político único do PCB, não temos mais a União Soviética, a falência deste projeto abriu espaço para a retomada e o fortalecimento de outros modos de organização, tanto mais fortes quanto menos centralizados. De fato, hoje, não temos razão para estar à reboque, estamos ao lado, e ao fundo, porque as ideias anarquistas são mais aceitas pela massa do que o comunismo estatal, isto é um fato, e se espelha nos modos de luta atuais, na sua força pela horizontalidade e organização em rede. Entretanto, nunca foi um projeto político nosso disputar aquele espaço, por isso nunca se colocou o peso que seria necessário para isso. A FIP sempre foi um espaço de unidade tática para nós e esperamos que continue assim. Não aceitamos nem concordamos com a transformação da frente em um espaço de organização, pois organização supõe unidade estratégica e projeto político. Continuaremos atuando no sentido de manter cada vez mais a FIP como uma frente ampla, com as características que uma frente precisa ter e, também, acreditamos que apenas o desvirtuamento desta característica pode levar a FIP ao desaparecimento. Não sabemos o que será a FIP daqui pra frente, mas continuar na FIP parte da compreensão que ela continue sendo uma frente, a FIP não é trabalho de base, os anarquistas que a compõem devem necessariamente ter outros espaços nos quais atuem tendo em vista a construção do poder popular.

É claro que é fundamental nos diferenciarmos. Por que o anarquismo é tão forte hoje? Vivemos uma crise no sistema de representação diretamente relacionada com a chegada da esquerda tradicional ao poder e o fim da guerra fria, é um momento histórico de fortalecimento do anarquismo: insatisfação com os meios da esquerda institucional e o burocratismo dos partidos que abre espaço para as propostas anarquistas e a ação direta nas ruas. A partir disso, as posições defendidas pelxs anarquistas, enquanto uma alternativa concreta obtiveram grande crescimento e repercussão. O anarquismo se opõe a todas as formas de opressões, das quais o Estado é um dos responsáveis pela manutenção, mas não se trata apenas do Estado, é preciso ressaltar também as demais instituições, a Igreja; o patriarcado; o partido; o patrão; a pátria; as grande corporações; a mídia; os cáreceres;… As opressões seguem uma mesma estrutura, uma mesma lógica, que, não por acaso, é a do Estado patriarcal, por isso, combater o Estado é também combater esta estrutura, pois não será possível acabar com o Estado enquanto esta estrutura se mantiver, ao contrário, é esta estrutura que mantém o Estado. Nossa luta é uma luta diária, é uma luta de construção e de empoderamento pela ação direta pela base da sociedade. Muito se tem falado em ação direta nos últimos tempos. Mas, ao contrário do que afirma a grande mídia manipuladora, ação direta não é sinônimo de ação violenta em protestos, ação direta é quando o povo por suas próprias mãos age politicamente, é participação política real nos locais de trabalho e moradia, é educação popular nas favelas, é a construção de territórios autônomos, ocupações sem-teto, é quando o povo se organiza diretamente e constrói aquilo que almeja e luta nas ruas por seus interesses.

O anarquismo promove a adoção de decisões diretas e horizontais, ao invés da delegação de autoridades, em toda a vida social de um indivíduo. Para o marxismo, embora exista toda uma série de problemas sociais que não são reduzidos à estrutura econômica capitalista, seria sempre a luta de classes que estaria por trás de todas as demais desigualdades. Sendo assim, com a revolução, as demais opressões deveriam, terminariam por, desaparecer. Neste sentido, a intervenção política por excelência é aquela que toma o poder e reapropria-se da produção por meio da tomada do Estado. Neste sentido, é o fim o que importa, a história seria teleológica e dialética, o Estado seria tomado para ser extinto finalmente em um estágio superior do desenvolvimento do comunismo. A perspectiva defendida por Bakunin, por outro lado, é a de uma dialética sem síntese, os meios seriam os fins, seria preciso construir hoje a descentralização da sociedade que queremos e não haveria nenhum garantia de que ela seria alcançada, pois a única verdadeira mudança política viria de baixo e de vários pontos, não do alto e do centro. Estes aspectos precisam estar sempre claros.

É claro que qualquer espaço onde atuam independentes e organizados existe sempre a possibilidade de que aqueles que não estão organizados fiquem à reboque dos grupos mais orgânicos que constróem e colocam peso ali. Por isso defendemos a necessidade de que todos se organizem, de que os anarquistas construam seus próprios espaços e projetos políticos. Poderíamos estar mais fortes não fossem posturas anti-organizacionais e falta de solidariedade existentes entre os próprios anarquistas. Esperamos que outras organizações anarquistas possam surgir, incentivadas pelo momento presente e aprendendo com nossos erros, organizações com interseccionalidade real e horizontalidade e, acima de tudo, com coerência entre discurso e atuação. Mas os/as maoístas não são piores que demais organizações ou partidos comunistas, pelo contrário até, teriam peso suficiente na construção da frente para aprovar pelo voto praticamente qualquer posição que quisessem e, muitas vezes, optam pela construção conjunta com demais grupos ali presentes apenas pela opção de manter a unidade e o caráter plural da frente.

Adicionalmente, acreditamos que a divergência real e que atrapalha a esquerda não é entre comunistas e anarquistas. De fato, em qualquer âmbito, em algum sentido, xs anarquistas sempre fazem alianças com alguns comunistas. A real divergência de fundo é entre reformistas e revolucionários, entre aqueles que acreditam na via institucional e aqueles que não acreditam, pois sabem que esta não apenas não ajuda, mas atrapalha. É por isso que podemos ter unidade tática com maoístas, com comunistas revolucionários, mas não podemos tê-la com o governismo. Nos parece incrível que aqueles que nos cobram coerência e criticam nossas alianças, andam de mãos dados com o governo, sem verem incoerência nisso. Os governistas nos entregaram para a polícia em várias circunstâncias e atravancam a luta com sua perspectiva burocrática e eleitoral. Antes de nos acusar deveriam refletir sobre o sentido de suas próprias alianças, se não é cooptar a luta e torná-la cada vez mais facilmente assimilável sob a marca do anarquismo.

Uma palavra ainda sobre vanguardismo. A campanha ‘não vai ter copa’ não foi uma campanha sequitária e que não dialogava com a população. Assim como também não foi a vitoriosa campanha ‘não vai ter voto’, que contou com inúmeras panfletagens na central e ganhou, de fato, as eleições no Rio de Janeiro. Algumas pessoas acreditam que as ruas esvaziaram “naturalmente”, e que a FIP continuou na rua como uma “vanguarda” da luta, o que seria contraditório com a proposta anarquista. Mas não foi bem assim. Houve uma enorme campanha estatal para tirar as pessoas das ruas, campanha que apenas obteve seu primeiro grande êxito com o acidente fatal com Santiago. Campanha manipulatória e repressiva, muitas investidas, guerras de discursos e resistências. É claro que não é fácil mudar anos de manipulação por meio do futebol em uma sociedade praticamente forjada a partir disso. Mas mesmo assim a repercussão dos atos e da campanha ‘não vai ter copa’ foram enormes, no mundo todo, pois o mundo estava voltada para cá. Alguém tem dúvidas de que a copa não teve a mobilização de massas que se espararia em um país dito ‘do futebol’?! E se as manifestações populares não foram maiores foi porque a repressão foi gigantesca. Não foram as ações de resistência nos atos que tiraram as pessoas das ruas, houve um movimento de reorganização social importante e uma intensa repressão. A FIP esteve junto, sem aparelhar, apoiando inúmeras lutas populares e evitando que elas fossem cooptadas pela via institucional, isso ocorreu na desocupação das famílias do prédio da Oi, nas remoções na Mangueira, na greve dos garis, para não mencionar a própria greve dos professores.

A quem interessa dizer que a FIP não dialoga com a população? Àqueles que querem dizer que eles é que podem falar pelo povo, àqueles que querem tornar controlável a luta dos excluídos. Àqueles que se colocam na frente precisamente para fazer o povo recuar, que aparelham a luta para fazê-la cooptável, para tirar a luta do caminho do radicalismo que não é dado por nenhuma vanguarda, pois o povo não precisa que lhes ensinem a revolta, que lhes digam quando se rebelar. De fato, o governo, o Estado, tem historicamente reprimido muito, matado muito, mentido muito, criminalizado muito, manipulado muito, para calar a revolta popular. Não, o povo não é pacato, mas sempre existem aqueles que dizem que tais ações não são do povo, que são mandadas, que emanam de líderes, isso serve à repressão, serve para fortalecer o mito do povo sempre servil, quando, de fato, as pessoas apenas se calam às custas de muita bala. Acham que os que avançam, sempre, necessariamente, não são o povo, porque acreditam deter a muda verdade de um povo do qual se distanciam como “mais conscientes”, acham que o povo ainda precisa que lhes ensine muito. Mas isso sim é vanguardismo e paternalismo, é se achar superior, e este discurso serve sim, como uma luva, à reação.

 

Nota do advogado do povo Marino, sobre a agressão sofrida por nosso companheiro e advogado André de Paula, da FIST.

Divulgando

DESAGRAVO AO ADVOGADO ANDRÉ DE PAULA

Conheço o advogado e companheiro André há mais de 30/40 anos, e tenho o maior orgulho de tê-lo como Colega e como companheiro. André, anistiado, dedica a sua vida, com o sacrifício do voto de pobreza, à luta e à advocacia popular.

Defende seus constituintes com grande competência e combatividade, e, por isso, é freqüentemente atingido em seu exercício e nas suas prerrogativas profissionais, o que sempre merece repúdio por toda a sociedade e pela OAB. Por toda a sociedade, porque o advogado é a última tábua de salvação para aqueles que precisam resolver suas vidas atravessando o mar revolto do Poder Judiciário. Se lhes for tirado o seu advogado ou não o deixarem exercer o seu mister com a liberdade que lhe é intrínseca, o assistido está entregue inteiramente ao Estado. Pela OAB, porque tem a obrigação e a função de fazer a defesa intransigente da advocacia e das suas prerrogativas, como essência do tão propalado Estado Democrático de Direito.

Por todas essas razões e muito mais, quero daqui manifestar a mais ampla solidariedade ao Colega e camarada André de Paula, bem como o meu repúdio a todos aqueles que tentam não respeitar o sagrado exercício da advocacia. Não passarão!

Proponho à OAB que não só faça o desagravo ao Dr. André de Paula como represente contra seu detrator junto ao CNJ, em face das reiteradas violências praticadas pelo mesmo contra as prerrogativas dos advogados, contra o devido processo legal e por ele abdicar sistematicamente da imparcialidade que deve pautar o exercício da magistratura.

André de Paula, estamos juntos nessa também! Conte conosco! Nosso mais profundo respeito pela sua luta e pela dor em razão da injustificável violência sofrida! Não passarão!